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Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva

Tricotilomania: Compreendendo o Transtorno e Suas Implicações

Introdução

A tricotilomania é um transtorno caracterizado pelo impulso irresistível de arrancar os próprios cabelos ou pelos do corpo. Essa condição, classificada como um transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), afeta tanto homens quanto mulheres, mas é mais comum em mulheres jovens. A tricotilomania pode levar a complicações físicas, como perda de cabelo e danos à pele, além de causar sofrimento emocional significativo.

Sintomas e Comportamentos Associados

1. Impulso Incontrolável de Arrancar Cabelos

  • Descrição: O principal sintoma da tricotilomania é a compulsão por arrancar os cabelos, que pode ocorrer em qualquer área do corpo onde haja pelos, incluindo o couro cabeludo, sobrancelhas e cílios.
  • Impacto: Esse comportamento pode resultar em áreas visíveis de alopecia (queda de cabelo), levando a problemas de autoestima e constrangimento social.

2. Alívio Temporário

  • Descrição: Muitas pessoas com tricotilomania relatam uma sensação de alívio ou satisfação imediata após arrancar os cabelos, embora essa sensação seja temporária e seguida de culpa ou vergonha.
  • Impacto: O ciclo de arrancar cabelos seguido de alívio e culpa perpetua o comportamento, tornando-o difícil de controlar sem intervenção.

Causas e Fatores de Risco

1. Fatores Genéticos e Biológicos

  • Descrição: A tricotilomania pode ter uma base genética, sendo mais comum em pessoas com histórico familiar de transtornos obsessivo-compulsivos ou outros transtornos de controle de impulsos.
  • Impacto: Fatores biológicos, como desequilíbrios neuroquímicos no cérebro, também podem desempenhar um papel na predisposição ao desenvolvimento do transtorno.

2. Ansiedade Avançada

  • Descrição: A tricotilomania é frequentemente observada em pessoas com graus avançados de ansiedade. Nessas situações, o ato de arrancar cabelos serve como uma válvula de escape para o estresse e a tensão acumulada.
  • Impacto: A ligação entre ansiedade elevada e tricotilomania torna o manejo da ansiedade uma parte crucial do tratamento, ajudando a reduzir a compulsão.

Tratamento e Manejo da Tricotilomania

1. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

  • Descrição: A TCC é uma abordagem terapêutica eficaz para tratar a tricotilomania, focando em identificar e modificar os pensamentos e comportamentos que levam ao impulso de arrancar cabelos.
  • Impacto: A terapia ajuda a desenvolver estratégias de enfrentamento e técnicas de substituição de hábitos, reduzindo gradualmente a compulsão.

2. Medicamentos

  • Descrição: Em alguns casos, medicamentos como antidepressivos ou ansiolíticos podem ser prescritos para ajudar a controlar os sintomas de tricotilomania, especialmente quando há comorbidade com outros transtornos mentais.
  • Impacto: Medicamentos podem ajudar a estabilizar o humor e reduzir a compulsão, embora sejam mais eficazes quando combinados com terapia.

3. Apoio Psicológico e Grupos de Apoio

  • Descrição: Participar de grupos de apoio ou buscar aconselhamento psicológico pode oferecer um espaço seguro para compartilhar experiências e aprender com outras pessoas que enfrentam desafios semelhantes.
  • Impacto: O apoio emocional é crucial para o processo de recuperação, ajudando a pessoa a se sentir menos isolada e mais capacitada para lidar com o transtorno.

Conclusão

A tricotilomania é um transtorno complexo que afeta profundamente a vida de quem a enfrenta. Embora desafiador, o manejo eficaz é possível por meio de terapias, apoio e, em alguns casos, medicamentos. Com tratamento adequado, as pessoas com tricotilomania podem aprender a controlar seus impulsos e melhorar sua qualidade de vida.

Referências

  1. American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5).
  2. Franklin, M. E., & Tolin, D. F. (2007). Trichotillomania: Treatment Manual. Oxford University Press.
  3. Duke, D. C., Keeley, M. L., Geffken, G. R., & Storch, E. A. (2010). Trichotillomania: A Current Review. Clinical Psychology Review.
Dra. Ana Beatriz Barbosa

Dra. Ana Beatriz Barbosa

Médica graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) com residência em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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