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Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva

Transtorno Dismórfico Corporal: Quando a Autoimagem se Torna uma Obsessão

Introdução

O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é uma condição psicológica em que a pessoa se preocupa excessivamente com falhas físicas percebidas, muitas vezes mínimas ou inexistentes. Essa obsessão com a aparência pode gerar grande sofrimento emocional e impactar significativamente a qualidade de vida, levando a comportamentos compulsivos e, em casos graves, ao isolamento social.

O Que é o Transtorno Dismórfico Corporal?

O TDC é classificado como um transtorno de ansiedade, caracterizado pela preocupação exagerada com aspectos da aparência física. Essas preocupações podem se concentrar em qualquer parte do corpo, como rosto, pele, cabelo ou forma corporal, mas a característica comum é que essas falhas são percebidas como muito mais graves do que realmente são.

Sinais e Sintomas

  1. Preocupação Excessiva com a Aparência
    • Descrição: Ficar constantemente insatisfeito com partes específicas do corpo e dedicar horas tentando corrigir ou esconder as imperfeições percebidas.
    • Impacto: A pessoa pode passar horas no espelho ou evitar se olhar por medo de se sentir ainda pior.
  2. Comportamentos Compulsivos
    • Descrição: A pessoa pode adotar hábitos como checar a aparência repetidamente, buscar procedimentos estéticos, ou comparar-se a outros de maneira obsessiva.
    • Impacto: Esses comportamentos não aliviam a ansiedade e podem se tornar uma obsessão, levando a mais procedimentos ou métodos para “corrigir” o corpo.
  3. Isolamento Social
    • Descrição: Pessoas com TDC muitas vezes evitam situações sociais, por medo de serem julgadas por sua aparência.
    • Impacto: O isolamento social pode agravar o quadro, contribuindo para sintomas de depressão e ansiedade.

Causas e Fatores de Risco

O Transtorno Dismórfico Corporal pode ser causado por uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. O histórico familiar de transtornos mentais, traumas relacionados à imagem corporal e a pressão social para atingir padrões estéticos irreais são fatores que podem contribuir para o desenvolvimento do TDC.

Fatores Comuns:

  • Genética: Histórico de transtornos de ansiedade ou depressão na família.
  • Cultura e Mídia: Pressões sociais para alcançar um corpo perfeito, muitas vezes impulsionadas pelas redes sociais e padrões de beleza inatingíveis.
  • Traumas Pessoais: Bullying, rejeição social ou comentários negativos sobre a aparência.

Tratamento e Manejo do TDC

Tratar o Transtorno Dismórfico Corporal envolve uma combinação de terapias e, em alguns casos, medicamentos. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é amplamente eficaz no tratamento do TDC, ajudando o paciente a desafiar e modificar seus pensamentos distorcidos sobre a aparência.

Opções de Tratamento:

  1. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
    • A TCC ensina o paciente a reconhecer pensamentos disfuncionais sobre a aparência e substituí-los por pensamentos mais realistas.
  2. Medicamentos
    • Antidepressivos, como os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), são comumente prescritos para ajudar a controlar os sintomas de ansiedade e depressão associados ao TDC.
  3. Suporte Social
    • Grupos de apoio e conversas francas com amigos e familiares também podem ser fundamentais para o processo de recuperação.

Conclusão

O Transtorno Dismórfico Corporal é uma condição que causa grande sofrimento, afetando profundamente a autoimagem e a vida social de quem o enfrenta. No entanto, com o tratamento adequado, é possível melhorar a qualidade de vida e reduzir os impactos dessa obsessão com a aparência.

Referências

  1. Phillips, K. A. (2005). The Broken Mirror: Understanding and Treating Body Dysmorphic Disorder. Oxford University Press.
  2. American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5).
  3. Veale, D. (2004). Advances in a Cognitive Behavioral Model of Body Dysmorphic Disorder. Body Image.
Dra. Ana Beatriz Barbosa

Dra. Ana Beatriz Barbosa

Médica graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) com residência em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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