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Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva

Mitomania: O Impacto da Mentira Patológica na Vida Cotidiana

Introdução

A mitomania, também conhecida como mentira patológica, é um transtorno psicológico no qual o indivíduo sente uma compulsão para mentir de forma contínua, mesmo quando não há necessidade ou ganho evidente. Diferente das mentiras ocasionais que a maioria das pessoas conta, as mentiras de um mitômano são persistentes e frequentemente desproporcionais à realidade.

Características da Mitomania

1. Compulsão para Mentir

  • Descrição: O mitômano sente uma necessidade constante de mentir, independentemente das circunstâncias. Essas mentiras podem ser sobre eventos triviais ou significativos e, muitas vezes, não têm uma motivação aparente.
  • Impacto: As mentiras contadas pelo mitômano podem complicar relacionamentos pessoais, causar problemas no trabalho e criar uma visão distorcida da realidade.

2. Distorção da Realidade

  • Descrição: Com o tempo, o mitômano pode começar a acreditar em suas próprias mentiras, perdendo a noção da diferença entre o que é real e o que é fabricado. Esse comportamento pode levar a uma desconexão com a realidade.
  • Impacto: Essa distorção pode tornar difícil para os outros confiarem no mitômano e criar um ciclo de isolamento e desconfiança.

3. Falta de Remorso

  • Descrição: Muitas vezes, o mitômano não sente remorso pelas mentiras que conta, mesmo quando suas ações causam danos a outras pessoas. A ausência de culpa pode ser um indicador de problemas emocionais mais profundos.
  • Impacto: A falta de remorso pode agravar os problemas interpessoais e levar ao agravamento do transtorno.

Causas Potenciais da Mitomania

1. Problemas de Autoestima

  • Descrição: Indivíduos com baixa autoestima podem recorrer à mentira patológica como uma forma de se sentir melhor consigo mesmos, criando uma versão idealizada de sua vida.
  • Impacto: A busca por aceitação e validação através da mentira pode criar uma dependência desse comportamento.

2. Transtornos de Personalidade

  • Descrição: A mitomania pode estar associada a outros transtornos de personalidade, como o transtorno de personalidade antissocial ou narcisista, onde a mentira é usada para manipular ou controlar os outros.
  • Impacto: Esses transtornos associados podem tornar o tratamento mais complexo e exigir uma abordagem terapêutica abrangente.

Tratamento da Mitomania

1. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

  • Descrição: A TCC é uma forma eficaz de tratamento para mitomania, ajudando o indivíduo a reconhecer padrões de pensamento distorcidos e a desenvolver estratégias para alterar seu comportamento.
  • Impacto: A terapia pode ajudar a reduzir a compulsão por mentir e a desenvolver habilidades para lidar com a realidade de maneira mais saudável.

2. Terapia de Grupo

  • Descrição: Participar de sessões de terapia de grupo pode oferecer apoio e uma sensação de comunidade, permitindo que o mitômano se conecte com outros que enfrentam desafios semelhantes.
  • Impacto: O apoio de grupo pode ser uma ferramenta poderosa na recuperação, proporcionando um ambiente seguro para compartilhar experiências e aprender com os outros.

Conclusão

A mitomania é um transtorno complexo que pode ter um impacto significativo na vida do indivíduo e nas pessoas ao seu redor. Compreender as causas e características desse comportamento é crucial para buscar ajuda e tratamento adequados. Através de abordagens terapêuticas como a TCC e a terapia de grupo, é possível reduzir a compulsão por mentir e ajudar o indivíduo a viver uma vida mais autêntica e conectada à realidade.

Referências

  1. Dike, C. C. (2008). Pathological Lying: Symptom or Disease?. Psychiatric Clinics of North America.
  2. Ford, C. V. (1996). Lies! Lies!! Lies!!! The Psychology of Deceit. American Psychiatric Press.
  3. Healy, D., & McMonagle, T. (1997). Lying, Deception and Psychopathology: An Interactional Perspective. Journal of Personality Disorders.
Dra. Ana Beatriz Barbosa

Dra. Ana Beatriz Barbosa

Médica graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) com residência em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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