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Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva

Convivendo com o TPB: Dicas para uma Vida Equilibrada

Introdução:

Conviver com o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) pode ser um desafio tanto para a pessoa que possui o transtorno quanto para as pessoas ao seu redor. A natureza intensa do TPB, com emoções instáveis, impulsividade e medo constante de abandono, pode tornar a vida cotidiana desgastante. No entanto, existem estratégias práticas e eficazes que podem ajudar a gerenciar os sintomas, promover o bem-estar emocional e fortalecer os relacionamentos. Neste texto, vamos explorar dicas e estratégias úteis para pessoas com TPB e para aqueles que convivem com elas, abordando como lidar com os desafios diários e construir laços mais saudáveis.

Para a Pessoa com TPB: Dicas para Gerenciar Sintomas Diariamente

Viver com TPB significa enfrentar uma montanha-russa emocional que pode dificultar a estabilidade e a sensação de segurança. Ainda assim, algumas práticas diárias podem trazer equilíbrio e facilitar o controle das emoções.

1. Praticar a Autoconsciência

A autoconsciência é fundamental para identificar padrões de pensamentos e comportamentos que desencadeiam crises emocionais. Manter um diário emocional ou praticar mindfulness ajuda a observar os sentimentos de forma mais objetiva, permitindo reconhecer momentos de tensão antes que se intensifiquem.

2. Estabelecer Rotinas Saudáveis

Uma rotina bem-estruturada ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade, promovendo uma sensação de controle e previsibilidade. Tente incluir horários fixos para dormir, fazer refeições e praticar atividades físicas. Esses hábitos diários ajudam a regular o humor e favorecem a estabilidade emocional.

3. Trabalhar a Regulação Emocional

Técnicas de regulação emocional, como as ensinadas na Terapia Dialética Comportamental (TDC), são eficazes para lidar com o TPB. Quando as emoções intensas surgirem, respire profundamente e dê-se alguns minutos para pensar antes de reagir. A prática constante dessas técnicas ajuda a responder aos sentimentos de forma mais equilibrada.

4. Desenvolver Habilidades de Comunicação

A comunicação assertiva é uma ferramenta valiosa para expressar necessidades e emoções de maneira clara, sem criar confrontos. Praticar frases como “Eu sinto… quando… porque…” ajuda a evitar mal-entendidos e facilita a resolução de conflitos.

5. Buscar Apoio Profissional e Grupos de Apoio

A terapia é uma parte essencial do tratamento para o TPB. Além de sessões individuais com um psicólogo, grupos de apoio permitem compartilhar experiências com pessoas que enfrentam os mesmos desafios. Trocar vivências e ouvir histórias semelhantes traz uma sensação de pertencimento e compreensão, aliviando o sentimento de isolamento.

Para Familiares e Amigos: Estratégias para Ajudar e Convivência Saudável

Conviver com uma pessoa com TPB pode ser emocionalmente intenso, mas com compreensão e estratégias apropriadas, é possível fortalecer o vínculo e oferecer um apoio significativo.

1. Informar-se Sobre o TPB

Entender o TPB é essencial para que os familiares possam oferecer um suporte mais eficaz. Ler sobre a condição, participar de grupos de apoio e conversar com profissionais de saúde mental ajudam a desenvolver uma perspectiva mais clara e empática sobre o transtorno.

2. Estabelecer Limites Saudáveis

Definir limites é importante para manter a saúde emocional tanto da pessoa com TPB quanto daqueles ao seu redor. Estabelecer regras claras, como evitar discussões em momentos de alta tensão, ajuda a prevenir conflitos desnecessários. Esses limites não significam afastamento, mas sim uma maneira de manter o relacionamento saudável.

3. Validar Sentimentos Sem Reforçar Comportamentos Nocivos

A validação é um componente essencial no relacionamento com uma pessoa com TPB. Ela envolve reconhecer e entender os sentimentos do outro sem necessariamente concordar com tudo. Frases como “Eu entendo que isso seja difícil para você” demonstram empatia, enquanto se mantém uma postura firme quando necessário.

4. Incentivar o Autocuidado e a Terapia

Lembrar a pessoa da importância do autocuidado e incentivá-la a comparecer às sessões de terapia são formas de mostrar apoio sem assumir uma responsabilidade excessiva. Encorajá-la a adotar práticas saudáveis ajuda no fortalecimento emocional, mas é fundamental respeitar o tempo e o processo dela.

5. Manter a Paciência e Praticar a Autocuidado

Conviver com alguém que possui TPB exige paciência e resiliência, mas é igualmente importante que os familiares pratiquem o autocuidado. Encontrar momentos de descanso, cuidar da própria saúde mental e até buscar apoio profissional são atitudes que ajudam a manter o equilíbrio.

Ferramentas e Técnicas de Apoio

Existem algumas ferramentas que podem ser úteis para pessoas com TPB e seus entes queridos, promovendo a harmonia e a compreensão:

  • Terapia Familiar: Ajuda na criação de estratégias para lidar com o TPB, melhorando a comunicação e promovendo o entendimento mútuo.
  • Mindfulness e Meditação: Essas práticas são eficazes tanto para o paciente quanto para os familiares, promovendo a calma e o controle emocional.
  • Planejamento de Crises: Criar um plano para lidar com momentos de crise, incluindo quem contatar e que medidas tomar, ajuda a reduzir a tensão quando os episódios ocorrem.

Conclusão

Conviver com o Transtorno de Personalidade Borderline é um desafio, mas com compreensão, paciência e estratégias de suporte, é possível construir uma vida mais equilibrada e relacionamentos mais saudáveis. O compromisso com o autocuidado e o desenvolvimento de habilidades emocionais beneficia não apenas a pessoa com TPB, mas também seus entes queridos, promovendo uma convivência mais harmônica e construtiva. Quando todos os envolvidos trabalham juntos e apoiam-se mutuamente, o caminho para uma vida plena se torna mais acessível.

Referências

  1. Linehan, M. M. (1993). “Cognitive-behavioral treatment of borderline personality disorder.” New York: Guilford Press. Este livro é uma obra fundamental sobre a Terapia Dialética Comportamental (TDC) para o tratamento do TPB.
  2. Paris, J. (2007). “Treatment of borderline personality disorder: A guide to evidence-based practice.” New York: Guilford Press. Este livro oferece uma visão abrangente sobre estratégias de tratamento para o TPB.
  3. Skodol, A. E., et al. (2002). “The borderline diagnosis II: Biology, genetics, and clinical course.” Biological Psychiatry, 51(12), 951-963. Este artigo explora as causas e os fatores biológicos do TPB.
  4. Gunderson, J. G. (2011). “Borderline personality disorder.” New England Journal of Medicine, 364(21), 2037-2042. O artigo discute o diagnóstico e as abordagens de tratamento do TPB.
  5. Bateman, A. W., & Fonagy, P. (2004). “Mentalization-based treatment of borderline personality disorder.” Journal of Personality Disorders, 18(1), 36-51. Este estudo aborda o tratamento baseado na mentalização para pessoas com TPB.
Dra. Ana Beatriz Barbosa

Dra. Ana Beatriz Barbosa

Médica graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) com residência em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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