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Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva

Compreendendo o Transtorno de Ansiedade de Separação

Introdução:

O Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS) é uma condição psicológica caracterizada por um medo excessivo e irracional de se separar de figuras de apego, como pais, cuidadores ou parceiros. Embora seja normal que crianças experimentem certo grau de ansiedade quando afastadas dos pais, o TAS se diferencia por ser uma ansiedade persistente e debilitante. Esse transtorno pode afetar tanto crianças quanto adultos, prejudicando suas relações sociais, acadêmicas ou profissionais. Neste texto, vamos explorar as causas, sintomas e tratamentos do TAS, além de entender como ele afeta a vida de quem sofre dessa condição.

O Que é o Transtorno de Ansiedade de Separação?

O Transtorno de Ansiedade de Separação é um tipo de transtorno de ansiedade caracterizado por um medo intenso de separação de pessoas com quem o indivíduo tem um vínculo afetivo. Esse transtorno pode ocorrer desde a infância, mas também pode ser diagnosticado em adultos. Quando não tratado, o TAS pode se tornar crônico, afetando a vida social, emocional e profissional do indivíduo.

Sintomas Comuns do TAS:

  • Medo irracional de separação: A pessoa com TAS tem medo de que algo ruim aconteça à figura de apego ou a si mesma quando estão separadas.
  • Comportamento de evitação: O paciente pode evitar atividades ou lugares onde a separação é inevitável, como escola, trabalho ou até viagens.
  • Preocupação excessiva com a separação: O pensamento constante de que a separação resultará em algo trágico ou angustiante é comum.

Causas do Transtorno de Ansiedade de Separação

Embora as causas exatas do TAS não sejam totalmente compreendidas, diversos fatores podem contribuir para o seu desenvolvimento. Esses fatores incluem predisposição genética, influências ambientais e a interação entre ambos.

Fatores Genéticos

Existem evidências que sugerem uma predisposição genética para transtornos de ansiedade. Se houver histórico familiar de transtornos de ansiedade, como fobias ou transtorno de pânico, a probabilidade de uma pessoa desenvolver o TAS aumenta consideravelmente.

Fatores Ambientais

O ambiente em que a criança ou adulto cresce desempenha um papel fundamental. Mudanças traumáticas, como o falecimento de um ente querido, divórcio dos pais ou um episódio de abuso físico ou emocional, podem desencadear o transtorno. A superproteção também pode ser um fator de risco, pois cria uma dependência excessiva da figura de apego.

Temperamento e Características Individuais

Pessoas com temperamento mais ansioso ou introvertido podem ter uma maior tendência a desenvolver o TAS. Esses indivíduos podem se sentir sobrecarregados por separações ou mudanças em sua rotina, agravando a ansiedade.

Impacto do Transtorno de Ansiedade de Separação

O impacto do TAS pode ser significativo, tanto no curto quanto no longo prazo. Para crianças, o transtorno pode interferir no desempenho escolar e nas habilidades sociais, enquanto adultos podem enfrentar dificuldades no trabalho e relacionamentos afetivos prejudicados.

Dificuldades em Relações Sociais e Profissionais

A pessoa com TAS pode sentir dificuldade em se relacionar com os outros, seja no ambiente escolar, social ou profissional. O medo constante de separação pode levar ao isolamento social, dificultando a construção de amizades ou a criação de vínculos afetivos.

Comprometimento do Desenvolvimento Emocional

A ansiedade constante de estar separado de uma pessoa importante pode impedir o desenvolvimento emocional saudável. Crianças com TAS, por exemplo, podem ter dificuldades em desenvolver a autonomia ou em aprender a lidar com emoções negativas sem depender do apoio contínuo de um adulto.

Sintomas Físicos

A ansiedade provocada pelo TAS também pode ter efeitos físicos. Muitas pessoas relatam sintomas como dores de cabeça, náuseas, dificuldades para dormir e dores no estômago, especialmente quando uma separação iminente é percebida.

Tratamento do Transtorno de Ansiedade de Separação

Felizmente, o TAS pode ser tratado de maneira eficaz com uma combinação de terapia psicológica, medicação e suporte social. O tratamento ideal depende da gravidade do transtorno e das necessidades específicas do paciente.

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes para tratar o TAS. Essa terapia ajuda o paciente a identificar pensamentos distorcidos relacionados à separação e a substituí-los por pensamentos mais realistas e equilibrados. Além disso, a TCC trabalha a exposição gradual à separação, permitindo que o paciente aprenda a lidar com a ansiedade de maneira progressiva e controlada.

Terapia Familiar

Para crianças com TAS, a terapia familiar pode ser extremamente útil. Essa abordagem envolve os membros da família no processo de tratamento, ajudando a promover um ambiente de apoio e compreensão. Ela também ensina os pais a lidar com o comportamento de dependência e a promover a autonomia da criança.

Medicação

Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de medicação para controlar a ansiedade. Antidepressivos, como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), podem ser prescritos para ajudar a reduzir a intensidade dos sintomas. Em algumas situações, os ansiolíticos podem ser usados para aliviar a tensão imediata, mas apenas sob supervisão médica.

Como Prevenir o Transtorno de Ansiedade de Separação

Embora não seja possível garantir a prevenção do TAS, existem algumas estratégias que podem ajudar a reduzir o risco de seu desenvolvimento:

  • Promover a independência desde cedo: Incentivar crianças a desenvolverem habilidades de autonomia e enfrentarem desafios de forma gradual pode ajudar a fortalecer a confiança e reduzir a dependência excessiva.
  • Gerenciar situações estressantes de forma saudável: Ensinar as crianças a lidarem com mudanças, como a separação dos pais ou a entrada na escola, de maneira positiva, pode ajudar a prevenir o desenvolvimento de transtornos de ansiedade.
  • Estabelecer rotinas estáveis e previsíveis: A criação de um ambiente familiar estruturado e previsível pode reduzir a sensação de incerteza e aumentar a segurança emocional das crianças.

Conclusão

O Transtorno de Ansiedade de Separação pode ser debilitante, mas com a ajuda de profissionais qualificados, é possível aprender a controlar a ansiedade associada à separação. Terapias como a TCC, o apoio da família e, quando necessário, a medicação, podem ajudar os indivíduos a superar o medo excessivo e a recuperar a confiança em si mesmos. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas pelo TAS e garantir que elas desenvolvam habilidades emocionais e sociais saudáveis.

Referências

  1. American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed.). Arlington: APA.
  2. Albano, A. M., & Chorpita, B. F. (2007). “Cognitive-behavioral therapy for anxiety disorders in children and adolescents.” Springer Publishing.
  3. Masi, G., et al. (2001). “Separation anxiety disorder in children and adolescents.” Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 40(2), 198-206.
Dra. Ana Beatriz Barbosa

Dra. Ana Beatriz Barbosa

Médica graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) com residência em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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