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Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva

Os jovens e o novo mercado de trabalho

Autoria: Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva

* Dra Ana Beatriz Barbosa Silva (Médica Psiquiatra, CRM/RJ 5253226/7)

Dentre as mudanças mais significativas do século XXI que estamos testemunhando, podemos destacar as modificações no mercado de trabalho e as expectativas lançadas sobre o papel do novo e jovem trabalhador.

Vivenciamos uma verdadeira revolução no trabalho e a globalização da economia tem sido o grande combustível a alimentar e acelerar todo esse complexo mecanismo.

Vivemos uma era de transição de uma economia de produção para uma economia de serviços. O número de trabalhadores intelectuais, que prestam serviços, vem superando, a cada momento, o trabalho braçal de toda uma época da economia mundial.

O trabalho mecânico vem sendo mais e mais substituído por maquinários tecnológicos. O homem começa agora a se libertar do trabalho sem significação, sem inspiração e amor.

Caminhamos a passos largos para uma sociedade onde observamos o crescimento sustentado de uma camada de trabalhadores heterogêneos, na qual encontramos jovens com capacitação técnica. Para essa camada, o poder reside no saber e não naquilo que possuem. O saber advém não apenas do ensino formal, mas também daquele que surge das superações das dificuldades enfrentadas no cotidiano. Nesta nova era, a maioria dos trabalhadores não terá mais que lidar com produtos materiais oriundos de sua produtividade. O resultado final desta nova forma de produzir é a informação e o conhecimento originados de ideias imateriais.

Os postos de trabalho, criados de agora em diante exigirão que as pessoas pensem, criem, inspirem-se, emocionem-se, raciocinem, opinem, discordem, apaixonem-se, detestem. Enfim, que tenham um trabalho verdadeiramente humano, que só pode ser concebido pelos que possuem mentes e corações, cognições e sentimentos.

Tal trabalho não depende, necessariamente, do número de horas trabalhadas e, muito menos, do esforço físico empregado. Ele depende da inteligência – seja racional, emocional ou social – e da intuição, qualidades que, por mais que o homem tente, jamais conseguirá conceder a qualquer máquina. Este trabalho não precisará de “mão de obra”, mas sim de mentes, corações e, também, de mãos talentosas, integradas em um ser humano completo e único, que, finalmente, poderá ver significação em seu trabalho e crescer com ele. Desta maneira, podemos antever que as pessoas criativas e talentosas tenderão a ter papel mais expressivo e determinante no mercado de trabalho dos tempos pós-industriais.

Para tanto, principalmente o jovem que hoje ingressa a esse mercado, conhecer e entender o próprio comportamento e descobrir o seu talento essencial é fundamental para uma mudança de perspectiva que possibilite um direcionamento em sua vida.

Vivemos em uma economia que é movida a talento. Ele é capaz de gerar novas e ousadas ideias que, transformadas em produtos ou serviços, geram riquezas ou promovem mudanças que podem mudar o mundo para melhor.

Investir no talento é condição fundamental para as empresas não se tornarem organizações estagnadas. O investimento feito em tecnologia e máquinas é necessário e muito importante; no entanto, o mais valioso dos investimentos é aquele que se aplica em profissionais talentosos. No setor da informática isto já é uma realidade que se consolida cada vez mais.

Os talentos podem ser de vários tipos e devemos ter a habilidade de identificar e desenvolver os mais expressivos e valorizados em cada pessoa. As histórias de sucesso profissional, em geral, são bem parecidas. São enredos que descrevem alguém que identificou algo que sabe fazer bem e canalizou este dom para sua vida profissional e, principalmente, percebeu que essa sua qualidade tinha grande valorização no mercado de trabalho.

Desvendar aquilo que se faz com competência e de forma diferenciada pode ser fruto de um longo processo de autoconhecimento. Por esta razão que educadores e psicólogos preconizam que este processo seja matéria presente em todas as fases do processo educacional de cada indivíduo. Afinal de contas, com o tempo, todos nós teremos que administrar nossas personalidades, é o que podemos chamar de persona economia.

Cada ser humano é único e possui um talento essencial. Descobrir os próprios talentos e poder expressá-los ao mundo em que vivemos justifica a nossa existência e traz realizações pessoais (profissional, afetivo, familiar, social). Nem sempre descobrimos facilmente nosso talento essencial (principalmente sozinhos), mas nunca devemos desistir de alcançá-lo.

Dra. Ana Beatriz Barbosa

Dra. Ana Beatriz Barbosa

Médica graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) com residência em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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