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Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva

Dislexia: Entendendo o Transtorno e Suas Variações

Introdução

A dislexia é um transtorno específico de aprendizagem que afeta a capacidade de leitura e escrita, mesmo quando a inteligência e a oportunidade educacional estão adequadas. É caracterizada por dificuldades com a precisão e/ou fluência na leitura de palavras, e por uma fraca ortografia e habilidades de decodificação. Esse transtorno é neurobiológico em sua origem e resulta comumente de um déficit no componente fonológico da linguagem.

Características da Dislexia

Os principais sintomas incluem:

  • Dificuldade em ler palavras isoladamente:
    • Leitura lenta e trabalhosa.
    • Frequentemente, a leitura é realizada com muitos erros.
  • Problemas de compreensão de texto:
    • Dificuldade em entender o que foi lido.
    • Necessidade de reler várias vezes para captar o significado.
  • Ortografia inconsistente:
    • Troca, omissão ou adição de letras ao escrever.
    • Erros ortográficos que não seguem regras fonéticas.
  • Dificuldade em escrever:
    • Problemas para organizar pensamentos no papel.
    • Escrita confusa e ilegível.

Variações da Dislexia

Existem diferentes variações, cada uma afetando de maneira específica o processo de leitura e escrita:

1. Dislexia Fonológica

A dislexia fonológica é caracterizada pela dificuldade em decodificar palavras novas ou desconhecidas, especialmente aquelas que não seguem padrões regulares de ortografia. Indivíduos com essa variação têm dificuldade em associar sons com letras e sílabas.

2. Dislexia Superficial

Nesta variação, a dificuldade está na leitura de palavras que não seguem regras fonéticas comuns, como palavras irregulares. Indivíduos com dislexia superficial podem ler palavras regularmente ortográficas com mais facilidade, mas lutam com palavras que devem ser memorizadas.

3. Dislexia Visual

A dislexia visual envolve dificuldades em lembrar e reconhecer palavras visuais, o que afeta a fluência de leitura e ortografia. Indivíduos com essa variação têm dificuldade em lembrar a aparência das palavras e frequentemente cometem erros de substituição de palavras.

4. Dislexia Primária

Essa é a forma mais comum de dislexia, resultante de uma diferença no processamento da informação no cérebro. É uma condição crônica e persistente que afeta a leitura e a escrita ao longo da vida.

5. Dislexia Secundária

A dislexia secundária ou desenvolvimental resulta de problemas de desenvolvimento no início da vida. Esta forma de dislexia pode diminuir à medida que a criança cresce e se desenvolve.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico é geralmente realizado por uma equipe multidisciplinar, que pode incluir psicólogos, fonoaudiólogos, e educadores especializados. Os métodos de avaliação incluem testes padronizados de leitura e escrita, bem como uma avaliação abrangente do histórico educacional e familiar.

O tratamento da dislexia envolve abordagens educacionais e terapias específicas, tais como:

  • Intervenção Educacional Especializada: Métodos de ensino que focam na fonética e na construção de habilidades de leitura.
  • Tecnologia Assistiva: Uso de ferramentas tecnológicas, como softwares de leitura, para ajudar na decodificação de texto.
  • Apoio Psicológico: Terapia cognitivo-comportamental para lidar com o impacto emocional da dislexia.

Conclusão

A dislexia é uma condição complexa que varia em manifestação e severidade entre os indivíduos. Reconhecer os sintomas e buscar um diagnóstico precoce é crucial para implementar intervenções eficazes. Com o apoio adequado, indivíduos com dislexia podem desenvolver estratégias para superar suas dificuldades e alcançar sucesso acadêmico e profissional.

Referências

  1. Shaywitz, S. (2003). Overcoming Dyslexia: A New and Complete Science-Based Program for Reading Problems at Any Level.
  2. American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed.).
  3. International Dyslexia Association. (2021). Dyslexia Basics.
Dra. Ana Beatriz Barbosa

Dra. Ana Beatriz Barbosa

Médica graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) com residência em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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