Autoria: Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva.
* Dra Ana Beatriz Barbosa Silva (Médica Psiquiatra, CRM/RJ 5253226/7)
Ainda hoje, muitas empresas acreditam que manter o funcionário ansioso e estressado torna-o mais produtivo. A curto prazo, isso pode ser aparentemente verdadeiro, pois as pessoas correm contra o tempo e vivem em função daquela tarefa, em detrimento de quaisquer outros aspectos de sua vida. Estimular a competição entre os funcionários tem o mesmo efeito, mas a longo prazo essas políticas podem se voltar contra a produtividade da própria empresa.
Trabalhadores submetidos a ambientes estressantes e chefias desagradáveis tendem, com o passar do tempo, a associar trabalho com desprazer e sofrimento, e culpam as empresas pelos prejuízos em suas vidas pessoais, perdendo assim o senso de pertencimento e de time que o meio corporativo tanto cobra, mas não estimula.
Convenhamos, quem não gosta de encontrar um ambiente mais leve, em que se permite rir e destacar o lado cômico de determinadas situações estressantes? E por que o trabalho não pode ser esse local?
Um ambiente de trabalho que permite o funcionário ser bem-humorado na dose certa – sem ser taxado de displicente – é fundamental para o aumento da produtividade e de satisfação nas atividades.
Consultores no ramo recomendam que as empresas promovam atividades recreativas e sociais ou mesmo que tomem atitudes simples, como deixar revistas de humor e em quadrinhos na área comum do cafezinho – outro espaço fundamental para os funcionários se confraternizarem e arejarem a mente por alguns instantes.
Um ambiente de trabalho em que faltam humor e bons relacionamentos aumenta, em muito, a probabilidade de os funcionários desenvolverem doenças causadas por estresse; desde uma simples gripe até estados de depressão e ansiedade aguda. O estresse que as empresas equivocadamente consideram benéfico será multiplicador dos casos de faltas e até abandono do trabalho. Muitas pessoas deixam seus empregos em busca de outras colocações, procurando por maior qualidade de vida. Os prejuízos causados às empresas por elevada rotatividade de pessoal são bem conhecidos. Portanto, acumulam-se prejuízos de ordem financeira e produtiva.
O bom humor estimula a criatividade, a solidariedade e diminui a ansiedade. Por meio dele, funcionários podem vislumbrar saídas para questões complicadas – pois tiram a “lente vermelha” com a qual enxergam o assunto – e podem ser mais eficientes na tarefa de conquistar e manter o cliente.
Claro que bom senso é fundamental, portanto, não se trata de fazer piadas de tudo ou não levar as obrigações a sério. Na verdade, bom humor no trabalho deve ajudar o funcionário a não se deixar contaminar pela raiva, ressentimento e temor – sentimentos que afloram em empresas dominadas pela “política do estresse”.
Se as pessoas passam a maior parte de seus dias no local de trabalho, convivendo com colegas, é melhor que este ambiente seja fraterno, estimulante, agradável e (por que não?), divertido.