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Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva

Síndrome do Pânico: Quando a Ansiedade Se Torna Incontrolável

Síndrome do Pânico: Quando a Ansiedade Se Torna Incontrolável

Introdução

Imagine estar em um ambiente comum, talvez dirigindo, em uma fila de supermercado ou até em casa e, de repente, ser tomado por um medo avassalador. O coração acelera, a respiração falha, o suor escorre frio e o pensamento grita: “Vou morrer”. Essa é a realidade silenciosa e angustiante de quem vive com Síndrome do Pânico, um transtorno que afeta milhões de pessoas no mundo e que, apesar de invisível aos olhos, tem um impacto profundo na qualidade de vida.

A Síndrome do Pânico é um transtorno de ansiedade caracterizado por crises súbitas de medo intenso, sem motivo aparente, acompanhadas por sintomas físicos e emocionais que geram sofrimento e, muitas vezes, levam a um medo recorrente de ter novas crises. O que começa como um episódio isolado pode, com o tempo, aprisionar a pessoa em limitações autoimpostas e isolamento social.

Neste artigo, vamos entender o que é a Síndrome do Pânico, suas causas, sintomas, como diferenciá-la de outros quadros médicos, e quais são os caminhos para tratamento e superação.

O Que é a Síndrome do Pânico?

A Síndrome do Pânico, também chamada de Transtorno do Pânico, é um transtorno de ansiedade descrito no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Ela se caracteriza por ataques de pânico recorrentes e inesperados, seguidos por preocupação persistente com novas crises ou com as consequências delas.

Essas crises são intensas, paralisantes e vêm “do nada”, muitas vezes sem uma situação real de perigo. A pessoa sente como se algo catastrófico fosse acontecer, mesmo estando em um ambiente seguro.

Sintomas Mais Comuns de uma Crise de Pânico

Os sintomas geralmente aparecem de forma abrupta e atingem seu pico em cerca de 10 minutos. Entre os mais comuns estão:

  • Taquicardia ou palpitações
  • Falta de ar ou sensação de sufocamento
  • Suor excessivo
  • Tontura ou sensação de desmaio
  • Tremores ou formigamentos
  • Náusea ou dor abdominal
  • Medo de perder o controle, enlouquecer ou morrer
  • Sensação de irrealidade (despersonalização ou desrealização)
  • Dor ou aperto no peito

Após a crise, é comum a pessoa sentir exaustão, medo de estar doente ou de não ter controle sobre o próprio corpo.

Causas da Síndrome do Pânico

A origem do transtorno é multifatorial, envolvendo aspectos biológicos, psicológicos e ambientais.

1. Fatores genéticos

Pessoas com histórico familiar de transtornos de ansiedade têm maior predisposição a desenvolver a síndrome.

2. Alterações neuroquímicas

Desequilíbrios em neurotransmissores como serotonina, noradrenalina e GABA estão associados à regulação do medo e da ansiedade.

3. Traumas e estresse

Situações de trauma, abuso, luto ou estresse prolongado podem desencadear o surgimento das crises, especialmente em pessoas com predisposição.

4. Personalidade ansiosa

Indivíduos mais controladores, perfeccionistas ou com tendência à hipervigilância emocional tendem a estar mais vulneráveis.

Síndrome do Pânico x Crise de Ansiedade

Nem toda crise de ansiedade é um ataque de pânico. A ansiedade costuma ter uma causa identificável (como uma prova ou entrevista), enquanto o pânico surge sem aviso e sem um motivo claro.

Além disso, o ataque de pânico alcança um nível mais extremo de desconforto físico e emocional, levando muitos a pensarem que estão infartando ou tendo um colapso.

Consequências Emocionais e Funcionais

Com o tempo, o medo das crises se torna tão paralisante quanto as crises em si. Isso pode levar à agorafobia, um transtorno em que a pessoa evita lugares ou situações onde teme não conseguir ajuda durante um ataque.

As principais consequências incluem:

  • Isolamento social
  • Afastamento do trabalho ou estudos
  • Comprometimento nos relacionamentos
  • Abuso de medicamentos ou álcool
  • Baixa autoestima e sensação de impotência

Diagnóstico e Tratamento da Síndrome do Pânico

Diagnóstico

O diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde mental (psiquiatra ou psicólogo), com base na frequência e intensidade das crises, e na exclusão de causas médicas, como problemas cardíacos ou respiratórios.

Tratamento

O tratamento é eficaz e pode proporcionar qualidade de vida ao paciente. As principais abordagens incluem:

  • Psicoterapia: a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é a mais indicada, pois ajuda a pessoa a reconhecer padrões de pensamento distorcidos, enfrentar situações temidas e desenvolver estratégias de enfrentamento.
  • Medicação: antidepressivos (como ISRS) e, em alguns casos, ansiolíticos, podem ser usados para regular os neurotransmissores e reduzir a frequência e intensidade das crises.
  • Técnicas de respiração e relaxamento: são fundamentais para ajudar o paciente a controlar os sintomas físicos durante as crises.
  • Mudanças no estilo de vida: alimentação equilibrada, sono de qualidade, prática de exercícios físicos e redução do estresse são medidas complementares essenciais.

Como Ajudar Alguém com Síndrome do Pânico?

  • Acolha sem julgamento: evite frases como “isso é bobagem” ou “você está exagerando”
  • Ofereça presença e segurança: esteja por perto, ajude a pessoa a respirar e lembre-a de que a crise vai passar
  • Incentive o tratamento: com apoio profissional, é possível superar
  • Informe-se sobre o transtorno: quanto mais conhecimento, mais empatia

Conclusão

A Síndrome do Pânico não é frescura, nem fraqueza. É um transtorno legítimo, com causas neurobiológicas e emocionais profundas, que pode afetar qualquer pessoa em qualquer fase da vida. No entanto, com diagnóstico adequado, tratamento consistente e apoio acolhedor, é possível retomar o controle da vida e reconstruir a confiança em si mesmo.

O pânico pode ser intenso, mas não define quem você é. Ele é apenas um capítulo — e nunca a história inteira.

Referências

  1. American Psychiatric Association. (2013). DSM-5: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
  2. Clark, D. M., & Beck, A. T. (2010). Terapia Cognitiva para Transtornos de Ansiedade.
  3. Nardi, A. E., & Freire, R. C. (2007). Transtornos de Ansiedade.
  4. WHO – World Health Organization. Mental Health: Panic Disorder Fact Sheet.
  5. Ministério da Saúde – Brasil. Cadernos de Saúde Mental.
Dra. Ana Beatriz Barbosa

Dra. Ana Beatriz Barbosa

Médica graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) com residência em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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