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Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva

Os Efeitos da Alienação Parental na Vida das Crianças

Os Efeitos da Alienação Parental na Vida das Crianças

Introdução

A separação de um casal nunca é fácil, mas quando existem filhos envolvidos, a responsabilidade emocional aumenta consideravelmente. Em alguns casos, um dos pais pode, consciente ou inconscientemente, transformar a criança em instrumento de disputa, afastando-a do outro genitor. Esse fenômeno, conhecido como alienação parental, é profundamente prejudicial ao desenvolvimento emocional da criança e pode gerar consequências graves ao longo da vida. Neste texto, vamos entender o que é alienação parental, seus sinais, impactos e como lidar com essa situação complexa.

O que é alienação parental?

Alienação parental é caracterizada por ações do pai, mãe ou responsável que visam dificultar ou impedir o convívio da criança ou adolescente com o outro genitor. Isso pode acontecer por meio de críticas constantes, mentiras, manipulações emocionais ou até acusações falsas, com o objetivo de minar o vínculo entre a criança e o outro lado da família.

De acordo com a Lei nº 12.318/2010, do ordenamento jurídico brasileiro, alienação parental é considerada uma forma de abuso emocional, podendo gerar sanções legais para quem a pratica. Ou seja, não se trata apenas de um problema familiar, mas de uma questão jurídica e social.

Sinais e comportamentos que indicam alienação parental

Identificar a alienação parental nem sempre é fácil, mas alguns sinais podem servir de alerta:

  • A criança demonstra rejeição injustificada ou medo excessivo de um dos pais.
  • Repete discursos negativos, usando palavras ou argumentos que não condizem com sua maturidade.
  • Apresenta mudanças bruscas de comportamento ao voltar das visitas.
  • Um dos pais dificulta ou impede as visitas, sem justificativa plausível.
  • Há tentativas constantes de apagar ou desvalorizar a imagem do outro genitor.

Por isso, é fundamental que familiares e profissionais estejam atentos para agir antes que os danos emocionais se agravem.

Impactos emocionais e psicológicos na criança

A alienação parental pode gerar uma série de consequências psicológicas. Estudos indicam que crianças expostas a esse tipo de manipulação apresentam maior risco de desenvolver:

  • Ansiedade e depressão.
  • Problemas de autoestima e identidade.
  • Dificuldades de relacionamento na vida adulta.
  • Raiva ou ressentimento crônico.
  • Dificuldade em confiar em figuras de autoridade.

Além disso, o afastamento forçado de um dos pais priva a criança de uma referência afetiva importante, comprometendo seu desenvolvimento emocional e social.

Como lidar com a alienação parental?

A solução passa por múltiplos caminhos. O primeiro é buscar ajuda profissional, incluindo psicólogos especializados em mediação familiar. Além disso, é fundamental registrar formalmente os episódios de alienação, seja por meio de documentos, mensagens ou testemunhos, para subsidiar ações legais, se necessário.

A justiça brasileira prevê medidas para proteger o direito da criança à convivência familiar saudável, podendo até inverter a guarda ou aplicar multas em casos comprovados de alienação parental.

Entretanto, sempre que possível, o ideal é investir no diálogo, no fortalecimento das habilidades parentais e no foco no bem-estar da criança, evitando que ela se torne refém de conflitos adultos.

Conclusão

Alienação parental é um fenômeno complexo e doloroso, mas que pode ser prevenido e combatido. Proteger o vínculo da criança com ambos os pais não significa ignorar os conflitos conjugais, mas sim reconhecer que o papel parental vai além do rompimento afetivo entre os adultos.

Portanto, é dever de todos — pais, familiares, profissionais e sociedade — garantir que as crianças cresçam cercadas de afeto, respeito e segurança emocional. Afinal, quando um filho vira arma, todos saem perdendo.

Referências

Gardner, R. A. (2001). Parental Alienation Syndrome (PAS): Sixteen Years Later. The American Journal of Family Therapy.

Bernet, W. (2008). Parental Alienation Disorder and DSM-V. American Journal of Family Therapy, 36(5), 349–366.

Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Brasil.

Dra. Ana Beatriz Barbosa

Dra. Ana Beatriz Barbosa

Médica graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) com residência em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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