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Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva

Ocitocina e Abraços: O Poder do Hormônio do Afeto

Introdução

A ocitocina, conhecida como o “hormônio do amor”, é um neuropeptídeo produzido no hipotálamo e liberado no sangue pela glândula pituitária. Ela desempenha um papel crucial nas interações sociais e nas emoções positivas, promovendo vínculos afetivos, empatia e bem-estar. Uma das maneiras mais simples e eficazes de estimular a liberação de ocitocina é através dos abraços, que ajudam a fortalecer laços interpessoais e a reduzir o estresse.

A Ocitocina e Seus Efeitos no Corpo e na Mente

A ocitocina está envolvida em diversos processos fisiológicos e emocionais. Inicialmente, ela foi associada ao vínculo materno durante a amamentação, pois facilita a liberação do leite e cria um elo entre mãe e bebê. Contudo, pesquisas mais recentes mostram que a ocitocina também é fundamental para promover vínculos entre parceiros românticos, amigos e até entre membros da comunidade.

Ao liberar ocitocina, o corpo experimenta uma sensação de calma, segurança e conexão. Este hormônio tem um efeito ansiolítico e é capaz de diminuir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Além disso, a ocitocina é conhecida por melhorar o humor, aumentar a confiança e promover comportamentos altruístas e cooperativos.

O Abraço como um Estimulador Natural de Ocitocina

O ato de abraçar é um dos gestos mais comuns e poderosos para aumentar os níveis de ocitocina no organismo. Quando abraçamos alguém, a pressão física e a sensação de calor enviam sinais ao cérebro para liberar ocitocina. Esse aumento de ocitocina traz benefícios imediatos e duradouros para a saúde mental e física. Abraços também são conhecidos por:

  • Reduzir a ansiedade: A ocitocina tem propriedades calmantes, ajudando a diminuir a ansiedade e os sentimentos de solidão.
  • Fortalecer o sistema imunológico: Estudos indicam que o aumento de ocitocina promovido pelo toque e abraços pode contribuir para um sistema imunológico mais forte, reduzindo a inflamação e melhorando a resistência a doenças.
  • Promover a sensação de bem-estar: Um abraço libera endorfinas e serotonina, além de ocitocina, criando uma sensação geral de felicidade e satisfação.

Abraços e Saúde Mental

Os abraços podem ter um impacto significativo na saúde mental. Em tempos de estresse e solidão, como foi evidenciado durante a pandemia de COVID-19, o isolamento físico e a ausência de abraços afetaram a saúde emocional de muitas pessoas. A falta de contato físico prolongado pode levar a uma queda nos níveis de ocitocina, aumentando o risco de ansiedade e depressão.

Por outro lado, estudos mostram que receber e dar abraços regularmente pode reduzir os sintomas de depressão, melhorar o humor e até auxiliar em tratamentos de transtornos de ansiedade. Abraços diários, mesmo que curtos, ajudam a manter níveis saudáveis de ocitocina, que promovem estabilidade emocional e resiliência.

A Importância dos Abraços em Relações Interpessoais

A ocitocina liberada durante os abraços fortalece os laços emocionais entre as pessoas, o que é essencial para relacionamentos saudáveis e duradouros. Em casais, por exemplo, o ato de abraçar aumenta a intimidade e a confiança. Entre pais e filhos, os abraços reforçam o vínculo afetivo e promovem um ambiente de segurança emocional. Esse impacto positivo da ocitocina nas interações sociais ajuda a criar laços mais profundos e a construir um senso de comunidade.

Conclusão

A ocitocina e os abraços estão profundamente interligados, e essa conexão oferece inúmeros benefícios para o bem-estar físico e mental. Abraçar é uma maneira simples, mas poderosa, de melhorar nossa saúde emocional, fortalecer relacionamentos e promover uma sensação de felicidade e conexão. Compreender e valorizar o poder do abraço pode nos levar a uma vida mais saudável e a relacionamentos mais gratificantes, lembrando-nos de que o contato humano é uma necessidade essencial para o equilíbrio emocional.

Referências

  1. Uvnas-Moberg, K. (1998). “Oxytocin may mediate the benefits of positive social interaction and emotions.” Psychoneuroendocrinology, 23(8), 819-835. Este estudo explora os benefícios da ocitocina em interações sociais e na saúde emocional.
  2. Holt-Lunstad, J., Birmingham, W., & Light, K. C. (2008). “Influence of a ‘warm touch’ support enhancement intervention among married couples on ambulatory blood pressure, oxytocin, alpha amylase, and cortisol.” Psychosomatic Medicine, 70(9), 976-985. Este estudo investiga como o contato físico e a ocitocina afetam a pressão sanguínea e os níveis de cortisol.
  3. Carter, C. S. (2014). “Oxytocin pathways and the evolution of human behavior.” Annual Review of Psychology, 65, 17-39. O artigo aborda o papel da ocitocina na evolução do comportamento humano e nas relações interpessoais.
  4. Zak, P. J., Stanton, A. A., & Ahmadi, S. (2007). “Oxytocin increases generosity in humans.” PLoS One, 2(11), e1128. Este estudo examina como a ocitocina influencia comportamentos sociais, como generosidade e confiança.
  5. Feldman, R. (2012). “Oxytocin and social affiliation in humans.” Hormones and Behavior, 61(3), 380-391. Este artigo explora a importância da ocitocina na construção de laços sociais e na saúde emocional.
Dra. Ana Beatriz Barbosa

Dra. Ana Beatriz Barbosa

Médica graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) com residência em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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