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Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva

Maternidade e Saúde Mental Descubra os Benefícios Emocionaiss

Maternidade e Saúde Mental Descubra os Benefícios Emocionais

Introdução

A maternidade é uma experiência intensa, transformadora e, muitas vezes, desafiadora. Embora seja comumente associada ao cansaço, à sobrecarga e até a quadros de depressão pós-parto, há também um lado muitas vezes pouco falado: os benefícios emocionais e psicológicos que a experiência de ser mãe pode trazer. Neste texto, vamos explorar como a maternidade pode fortalecer a saúde mental, aprofundar vínculos afetivos e gerar uma sensação profunda de propósito e bem-estar.

Maternidade e sentido de propósito

Um dos principais benefícios psicológicos da maternidade é o fortalecimento do sentido de propósito. A chegada de um filho frequentemente reorganiza prioridades e oferece um novo significado à vida. Esse novo foco pode ajudar muitas mulheres a redescobrirem seu valor, sua força e sua capacidade de resiliência, promovendo sentimentos de realização e pertencimento.

Segundo a psicologia positiva, ter um propósito de vida claro está associado a níveis mais altos de felicidade e menor incidência de depressão e ansiedade. Nesse sentido, a maternidade atua como um catalisador de transformação interior e crescimento emocional.

Vínculos afetivos e liberação de ocitocina

Durante a gravidez, parto e amamentação, o corpo libera altos níveis de ocitocina, conhecida como o “hormônio do amor”. Essa substância fortalece o vínculo entre mãe e bebê, mas também promove efeitos benéficos sobre o humor, a empatia e a estabilidade emocional.

Além disso, os cuidados com o bebê — como o toque, o olhar e a comunicação não verbal — estimulam regiões cerebrais ligadas ao afeto e à recompensa. Isso cria um círculo virtuoso, onde o vínculo afetivo nutre a saúde mental da mãe e do filho.

Redução de comportamentos autodestrutivos

Diversos estudos indicam que a maternidade pode levar à redução de comportamentos autodestrutivos, como consumo de álcool, tabaco ou exposição a relações tóxicas. A responsabilidade de cuidar de uma vida desperta um instinto protetor que leva muitas mulheres a rever hábitos, buscar equilíbrio emocional e fortalecer sua autoestima.

Além disso, mães frequentemente relatam uma maior preocupação com sua própria saúde física e mental, o que pode levá-las a adotar hábitos mais saudáveis, como alimentação equilibrada, consultas regulares e práticas de autocuidado.

Desenvolvimento da empatia e inteligência emocional

A maternidade exige uma atenção constante às necessidades de outra pessoa — muitas vezes sem que ela consiga expressá-las verbalmente. Isso estimula o desenvolvimento da empatia, da paciência e da escuta ativa, pilares da inteligência emocional.

Com o tempo, as mães tendem a se tornar mais sensíveis às emoções alheias e também mais compreensivas consigo mesmas. Essa ampliação do olhar emocional é um dos grandes legados positivos que a maternidade deixa na vida de uma mulher.

Maternidade como oportunidade de cura emocional

Muitas mulheres relatam que, ao se tornarem mães, começaram a resgatar e curar aspectos da própria infância. Essa vivência pode despertar reflexões sobre como foram cuidadas, quais padrões desejam repetir e quais querem transformar.

Assim, a maternidade pode funcionar como um portal para o autoconhecimento, reestruturação de crenças e liberação de traumas antigos. Não raro, o amor por um filho mobiliza forças internas que antes estavam adormecidas, abrindo espaço para crescimento e renovação emocional.

Conclusão

Embora cheia de desafios, a maternidade também pode ser uma fonte poderosa de fortalecimento emocional e bem-estar psicológico. Quando vivida com apoio, presença e consciência, ela transforma, cura e fortalece.

Portanto, é fundamental olhar para a maternidade com mais nuance: reconhecendo seus custos emocionais, sim, mas também valorizando seus inúmeros ganhos internos. Afinal, mais do que formar outro ser humano, a maternidade também é uma jornada de renascimento para quem cuida.

Referências
Nelson, S. K., Kushlev, K., English, T., Dunn, E. W., & Lyubomirsky, S. (2013). In defense of parenthood: Children are associated with more joy than misery. Psychological Science, 24(1), 3–10.

Kim, P., & Bianco, H. (2014). How motherhood changes the brain. Cerebrum: The Dana Forum on Brain Science.

Bartels, A., & Zeki, S. (2004). The neural correlates of maternal and romantic love. NeuroImage, 21(3), 1155–1166.

Díaz, J., & Pérez, J. (2020). Purpose in motherhood: Psychological benefits for maternal mental health. Journal of Positive Psychology, 15(6), 781–791.

Dra. Ana Beatriz Barbosa

Dra. Ana Beatriz Barbosa

Médica graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) com residência em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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